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1 de fevereiro de 2010

Presidenciais: Manuel Alegre e o PS

Sou socialista e sou daqueles que acha que o povo, quando vota, toma decisões inteligentes, mesmo quando escolhe caminhos diferentes dos meus. E, em democracia, as decisões repeitam-se. Nas últimas eleições presidenciai gostaria que os resultados tivesse sido outros. Por isso apoiei e votei Mário Soares. Os portugueses fizeram outra escolha e, tal como Manuel Alegre, não deixei de dormir descansado por isso.
Nas próximas eleições gostaria que elegessemos um Presidente da área socialista. E penso que poderemos aspirar a isso.
Como dizem muitos comentadores, Cavaco Silva é provavelmente o primeiro presidente que pode não ter, à partida, a reeleição segura. Estou de acordo com isso. Mas também sou dos que pensa que tal só acontecerá se, à esquerda, houver a inteligência para encontrar, rapidamente, o candidato em torno do qual se estruture um caminho de vitória.
Não há, em minha opinião, outro candidato desta área política que reúna, hoje, condições para protagonizar essa alternativa, para além de Manuel Alegre. Por isso apoio a sua candidatura se ela vier, como tudo indica, a concretizar-se.
A vitória de Manuel Alegre será possível se a sua candidatura conseguir unir toda a esquerda, todo o PS e, ainda, alguns sectores do Centro politico que não se revêm em Cavaco Silva.
Para que isso aconteça não pode a sua candidatura ser confundida com uma candidatura do BE porque, tal como alerta Pedro Silva Pereira, em entrevista ao Expresso, "Ninguém ganha as presidenciais com o Bloco em cima".
A questão que se coloca é, precisamente, saber como assegurar que a candidatura de Alegre tenha a abrangência necessária e não se deixe acantonar em espaços marginais.

Em meu entender isso dependerá muito do próprio candidato e das mensagens que conseguir transmitir. Precisamos de um candidato com alma, e Alegre tem-na de sobra, mas que, ao mesmo tempo, se assuma como candidato do mainstream do regime democrático e não das suas margens.
Mas este projecto só será possível se o PS , e os sectores deste mesmo mainstream, se envolverem e participarem activamente na sua candidatura. E devem fazê-lo, em meu entender, quanto antes. As dinâmicas destes processos têm vida própria e chegar demasiado tarde ao movimento pode deixar que se criem sulcos dificeis de superar.
Por tudo isto sou de opinião que o PS deve tomar uma posição clara de apoio à candidatura, tão rapidamente quanto possível. Sei que os timings politicos do PS não podem deixar de ter em conta as necessidades da governação e que antes da aprovação do orçamento não será desejável dispersar atenções. Manuel Alegre poderia ter tido em conta este facto para anunciar a sua decisão. Não o fez e não terá, por isso, andando da melhor forma. Por isso tem, agora, a "obrigação" de tentar ajustar os seus timings com os dos que são decisivos para o sucesso da sua candidatura. Ainda estamos a tempo de garantir que não se cometam erros que podem ser fatais para o projecto de levar Alegre, enquanto representante do socialismo democrático, à Presidência da República.

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